União Israelita Shel Guemilut Hassadim (UISGH) – Em atividade desde 1840 na cidade do Rio de Janeiro

histórico da União Israelita Shel Guemilut Hassadim confunde-se, na realidade, com a história do judaísmo no Rio de Janeiro. Na época do Império, por influência da Inquisição portuguesa, não era permitida a existência de cultos não católicos no Brasil. Não obstante, já se realizavam cerimônias religiosas judaicas nessa época, haja vista a notícia publicada no Diário do Rio de Janeiro, de I” de outubro de 1865: “Culto israelita os israelitas residentes na Corte celebraram ontem, num salão particular, a primeira cerimônia de seu culto, o Kipur ou Dia do Grande Perdão. “Na realidade a liberdade completa de culto só surgiu na primeira Constituição da República. Segundo os cálculos dos historiadores Egon e Frieda Wolff e de Fortunato Azulay, a Sinagoga da União Israelita Shel Guemilut Hassadim teria sido fundada em 1840 e, sem dúvida, seria a mais antiga Sinagoga do Rio de Janeiro. Foi instalada, inicialmente, num sobrado da Praça da República, esquina da Rua Senhor dos Passos (20 anos: 1840-1860). Transferiu-se sucessivamente para a Rua da Alfândega, 358 (40 anos: 1860-1900), Rua São Pedro, 300 (20 anos: 1900-1920), Rua do Lavradio, 90 (14 anos: 1921-1935), Rua Francisco Muratori, 33 (15 anos: 1935-1950) e finalmente para este Templo na Rua Rodrigo de Brito, 37 (58 anos: 1950 até o presente). O total de anos dessa Sinagoga é, até nossos dias, de 168 anos, o que equivaleria à sua fundação em 1840. Entretanto, não há dúvidas quanto à existência anterior de grupos de judeus realizando suas orações e que esses grupos foram os predecessores da U.I. S.G.H.

https://youtube.com/watch?v=opmyEJ9Af6k%3Frel%3D0

União Israelita Shel Guemilut Hassadim, a sinagoga mais antiga do Rio de Janeiro

Rubem David Azulay

Vejamos o que nos narra a Enciclopédia Judaica (traduzida para o português em 1967): “Organizaram-na israelitas marroquinos com o objetivo precípuo de manter uma Sinagoga, primeiramente instalada num sobrado da Praça da República, esquina de Senhor dos Passos, após 20 anos, transferindo-se posteriormente para um salão maior na Rua São Pedro, 300. Em 10 de março de 1912, após uma cisão em que se afastaram principalmente os israelitas de origem francesa que haviam constituído uma Sinagoga à parte, a sociedade organizou-se como entidade jurídica. Terminada a I Guerra Mundial, a maioria das famt1ias filiadas à Sinagoga francesa retornaram à Europa, contribuindo para que as aqui remanescentes (tais como Moses, Kanitz, Wellish, Liebmann, Schlesinger) tornassem a ingressar na sociedade. Em 1921, a Sinagoga transferiu-se para a Rua do Lavradio, 90, e em 1935 para a Rua Francisco Muratori, 33. Com o crescimento do número de Congregados, que hoje ascende a 300, deliberou-se, sob os auspícios de Jomtob Azulay e Rafael Serruya, construir um templo próprio na Rua Rodrigo de Brito 37, inaugurado em 7 de setembro de 1950.” 

Chamamos a atenção para a publicação no Diário Official do Império do Brasil, ano XII, nº 21, de terça-feira, 28 de janeiro de 1873, que se refere à publicação do Decreto Imperial n” 5.202, assinado pelo Secretário de Estado dos Negócios do Império, João Alfredo Correa de Oliveira, e rubricado por S. Excia. o Sr. Imperador Pedro II, aprovando os estatutos (confeccionados em 1870) da primeira entidade oficial dos judeus, que se chamou União Israelita do Brasil. Esse estatuto é constituído de 41 artigos, cujo Art. f reza: “Esta Sociedade tem por fim socorrer todo o israelita que se achar em necessidade.” É curioso que na leitura dos 41 artigos não se mencionou qualquer atividade religiosa. É compreensível que assim fosse, pois, à época do Império, estava proibida qualquer manifestação religiosa que não fosse católica. Cremos ser a maneira que os judeus da época, na sua maioria de origem franco-alsaciana, usaram para não despertar a intransigência religiosa imperial. Segundo os historiadores Egon e Frieda Wolff, esses judeus seriam refugiados da guerra-franco-prussiana daquela data. 

Eram eles inicialmente: J. Blum, G. Haas, Lucien Levy, Achille Oppeheim e Samuel Hoffman, aos quais se juntaram M. Brandon, Elkin Hime (ingleses) e J. E. da Costa Mesquita (portugueses). Sua primeira Diretoria ficou assim constituída (30 de junho de 1870): F. M. Brandão (presidente), J. Blum (vicepresidente), Lucien Levy (I” secretário), Achille Oppenheim (2″ secretário), Samuel Hoffmann (tesoureiro). Ressalte-se que a U.I.B. fora fundada em 1870; entretanto, só em 1873 é que se tornou oficial pelo decreto n” 5.202 já referido. 

Ao que sabemos, a última Diretoria da U.I.B. data de 1889 e era constituída dos seguintes membros: Marx Rosenwald (presidente), E. S. Hanan (vice-presidente), A. Wellisch (tesoureiro), Isidoro Haas (1″ secretário), Germain Bloch (2″ secretário) e G. Haas, C. Haguenauer, Eugine Levy, E. Liebman e Henry Levy (conselheiros). 

Em relação à data de fundação da União Israelita Shel Guemilut Hassadim não há referências. Sabe-se apenas que sua Diretoria de 1882 era constituída pelos seguintes membros: 

Arthur Aron, Emile Levy, Henry Levy, Louis Oungre, Alberto Wellisch, Gabriel Brandon, E. Hanan, E. Liebman e E. Hime. Chamamos a atenção para o fato de que essa era a mesma diretoria da U.I.B. de 1881. Nessa diretoria já havia judeus marroquinos. É provável que a diretoria de 1882 permanecesse até 1997 quando surgiu nova diretoria. 

Ei-la: 

1887: Isidor Haas, Emmanuel Liebmann, Gouthier Levy, Yeuda Nahon, Samuel Hoffmann, Adam Benaion, Abraham Azulay (três eram marroquinos). 

Temos conhecimenro de mais duas diretorias da U.I.S.G.H. nos anos seguintes: 

1888: Abraham Pariente, Benjamim Benzaken, Salomon Pariente, Mordehai Arnram, Ruben Bentoleda, David Arnram (todos eram marroquinos). 

1890: Joseph Alkaim, Raphael Alkaim, Moysés Abecassi, Elias Elbas, Fortunato Temostit, Joseph Cajji, Isaac Nahon, Samuel Nahon e Isidor Kohn (apenas um não era marroquino). 

Chamamos ainda a atenção para outros nomes que, à época, integravam a U.I.S.G.H., a saber: Abecassi, Moysés; Alkaim, Joseph; Alkaim, Raphael; Arnram, Mordehai; Elbas, Elias; Haas, Isidor; Levy, Gouthier; Nahon, Samuel; Nahon, Yeuda; Temostit, Fortunato. 

É interessante relatar o que a historiadora Frieda Wolff escreveu sobre o assunto: ” … seria mais honesto indicar, como data provável da sua fundação, a de 1840 em vez de 1830; mesmo assim, ninguém discutindo ser ela a mais antiga congregação do Rio de Janeiro, sem dúvida nenhuma.” 

Alguns aspectos desse histórico merecem ser considerados:

1 – A U.I.B. foi a primeira entidade judia oficial no Rio de Janeiro, na época Imperial, porém, conforme já referimos, tratavase apenas de uma entidade com fins filantrópicos. Ora, parecenos que essa foi uma maneira de congregar os judeus existentes, então, nessa cidade, com finalidade religiosa, pois não deveria haver, nessa ocasião, muitos judeus que tivessem necessidade financeira. Seria uma maneira de despistar o Governo Imperial. 

2 – O entrosamento entre a U.I.B. e a U.I.S.G.H. era evidente, a julgar pelo fato de a Diretoria da última, em 1882, ser idêntica à da Diretoria da primeira (1881) .. 

3 – O artigo 12 da U.I.B. refere-se ao aspecto filantrópico da ajuda aos necessitados. É curioso que a U.I.S.G.H. é na realidade União Israelita de ajuda aos necessitados. 

4 – Desconhece-se a data de fundação da U.I.S.G.H. Por que? 

A U.I.S.G.H. e a U.I.B. seriam a mesma entidade? Desconcerta-me o fato de a U.I.B. continuar sua existência com diretorias até 188090; daí em diante parece ter desaparecido a U.I.B., porém persistiu a U.I.S.G.H. até nossos dias e, se D’s quiser, continuará a existir para sempre. 

5 – Poder-se-ia supor que se tratava da mesma entidade, ou então, a U.I.S.G.H. seria a seqüência da U.I.B. Há apenas um ponto conflituoso: é que ambas exístiram como duas entidades diferentes de 1882 a 1890. 

6 – Três seríam, no nosso entender, as possibilidades da data da fundação da U.I.S.G.H.: a) 1970, sob a desígnação de U.I.B.; conseqüentemente, teria sido fundada por franco-prussianos; b) 1841, se considerarmos na realidade é verdade que a primeira sinagoga surgiu na Praça da República, e, posteriormente, mudou-se para outras localidades seqüencialmente como acima referido; c) 1882, pois foi nessa data que, pela primeira vez, surgiu o nome de U.I.S.G.H. 

É interessante ressaltar, do ponto de vista histórico, o artigo sobre as Religiões no Rio, datado de 1904, na Gazeta de Notícias, e depois em livro, da autoria de João do Rio: “A sinagoga da Rua da Alfândega, 363, ocupava um sobrado … Sobe-se uma escada íngreme, dá-se num corredor que tem na parede as tábuas de Moysés. Aí vive outro Moysés, o “Hazan” com uma face espanhola e com ar bondoso.” João do Rio assistiu à festa de Purim e descreve “Havia gente morena, gente clara, mulheres vestidas à moda hebraica, homens de chapéus enterrados na cabeça … ” 

São os historiadores Egon e Frieda Wolff que concluem ser essa “a comunidade marroquina da U.I.S.G.H. que durante 40 anos funcionara na Rua da Alfândega, 358 (João do Rio mencionou 369 e 363). Era na realidade a mesma que se localizara primeiramente na Praça da República, esquina de Senhor dos Passos (1840 -1860). 

Conforme já referimos, da Rua da Alfândega a U.I.S.G.H. mudou-se para a Rua São Pedro; esta, mais tarde, tornou-se pequena devido ao aumento progressivo de correligionários marroquinos vindos do Pará e Amazonas. É interessante a .observação de Jomtob Azulay que, por volta de 1920, ao ingressar na Sinagoga da Rua São Pedro, encontrou entre os marroquinos, alguns remanescentes de famílias alsacianas. Em nosso entender, é mais um dado que evidencia a correlação entre a U.I.B. fundada predominantemente por alsacianos e a U.I.S.G.H., constituída, predominantemente, por marroquinos. Mudou-se, então, para a Rua do Lavradio com amplo salão. Nessa fase renovatória é conveniente ressaltar os nomes de alguns correligionários: 

Samuel Nahon, Miguel Liebmann, Isidoro e Alfredo Kohn, Elias Elbas, Elias Truzman, Jayme Benjarbon, J. Cajji, Bendayan, Raphael Serruya e Samuel Garson. 

Em 1935 transferiu-se para o sobrado da Rua Francisco Muratori 33, onde se manteve durante 15 anos. 

Cabe revelar que em 1839 não havia uma congregação organizada no Rio de Janeiro, conforme revela Frieda Wolff: “Nas nossas pesquisas em fontes primárias sobre a imigração de judeus no Brasil Imperial encontramos no Theological Seminary em Nova Iorque uma carta do rabino-mor de Londres, Solomon Herschell, datada de 1839 e endereçada ao judeu inglês Isey Levy, no Rio de Janeiro. Esta carta (veja fotocópia no nosso livro Os Judeus no Brasil Imperial entre ps. 52 e 53) é uma resposta à pergunta de Isey se ele poderia celebrar o casamento religioso da sua irmã Frances com o também inglês Elkin Hime, já que não existia ainda uma congregação organizada no Rio de Janeiro. Isey pede, na mesma ocasião, instruções como proceder, as quais o rabino, na sua resposta, dá detalhadamente. Mas Herschell expressa, de outro lado, sua consternação sobre o estado de “coisas” no Rio de Janeiro, a falta de rabino, de hazan, de shochet, de comida cashér, e tudo isso, porque os poucos yehudim no Rio não estão ainda em condição de formar uma congregação. A carta acaba com a oferta de ajuda para arranjar, pelo menos, um shochet, já que o rabinomor conhece os pais de “alguns que moram no Rio e sei que são muito religiosos. Não posso acreditar que os filhos deles tenham chegado à conclusão de que a observância de preceitos religiosos é desnecessário.” Acarta é datada de Londres, 30 de junho de 1839 e acaba com o PS.: “Mais uma vez, shochet”, certamente a melhor prova existente de que a Shel Guemilut Hassadim não foi fundada em 1830, como o mito supõe. Aliás, o Dr. Fortunato concordou com estas datas como se pode ler no artigo citado.” 

No livro Os Judeus no Brasil Imperial dos historiadores Egon e Frieda Wolff há referências em relação à presença de judeus marroquinos no Rio de Janeiro, desde 1824: “Os marroquinos Salomão Pinto e José Izaque Pinto estiveram no Rio em 1824 e 1827, respectivamente; Joseph Hassan, de Gibraltar, 22 anos, chegou em 6-6-1828 (EPE); Abraham Abocatia, de Gibraltar, 21 anos, em 8-10-1828 (EPE). José Abraham (ou Abram), também de Gibraltar, 26 anos, negociante, morava na Rua da Quitanda, 111 (R E. 12-1-1837), e seguiu para a Bahia em 8 de fevereiro de 1837 (R E.), sem que se ouvisse mais dele. Aron Sabak, alfaiate, declarando ser francês, também foi para a Bahia (RE. 7-12-1837). A colônia marroquina da Bahia aumentava ainda com Jomtal Serfaty que, depois de ficar meio ano no Rio (DR 22-7-1845, de Gibraltar, igualmente procurava a Bahia (DR 23-1-46 despachado pela Polícia, seguindo em 4-2-1846). Moysés Serfati era natural de Gibraltar ou da Argélia. Em 1838 UC 15-2) seu nome aparece na aquisição de três bilhetes de loteria, seguramente para pessoa morando no interior. Apesar de se descobrirem viagens de Moysés para portos do Norte (RE. 21-2-1838; DR 16-1-1850, em companhia do francês Simão da Silva), parece ter-se domiciliado no Rio Grande do Sul: mal chegado de Lisboa (DR 12-3-1854), seguindo para Porto Alegre em 2 de abril de 1854.” 

Para complicar mais a história da U.I.S.G.H. há referências a uma entidade intitulada “Sociedade Israelita do Rito Português”. Sabe-se que Benjamin Benzaquem era seu presidente em 1888; nesse mesmo ano Benjamin Benzaquem fazia parte da Diretdria da U.I.S.G.H. Conseqüentemente eram duas entidades distintas. Convém relatar que nas páginas 257-258 de Os Judeus no Brasil Imperial, há referência à existência de uma querela entre Benzaquem e Salomon Abraham Pariente (que também fazia parte da Diretoria da U.I.S.G.H., 1888). A narração desse fato é a seguinte: O Sr. Benzaquem inseriu a seguinte comunicação no Jornal do Commercio de 15 de janeiro de 1888: 

“Sociedade Israelita. 

“O abaixo assignado, na qualidade de presidente da Sociedade Israelita do Rito Portuguez, vem a publico protestar contra a eleição de Salomon d’Abraham ParienteparaRabino da Synagoga. 

“É nulla essa eleição, que só podia ser feita pela Escola Rabbinica, e só podia recahir em quem a tivesse cursado, pois assim dispõe o respectivo regulamento. 

“Protesta igualmente o abaixo assignado contra as quatro assignaturas não pertencentes ao rito portugues, e que só podiam ser obtidas sob a falsa informação de não haver outro Rabbino, e ser necessario um para o casamento Leidemann. 

“A verdade é que possue a sociedade o seu Rabbino, nomeado desde 14 de julho de 1887, como consta a fls. 18 v. de livro competente. 

“Esse Rabbino é o Sr. Abrahão Hachuel, cidadão brasileiro naturalisado. 

Benjamin Benzaquem 

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“Rio, 13 de Janeiro de 1888.” No dia 16 veio a resposta: 

“À Sociedade Israelita do Rito Portuguez 

“Salomon de Abraham Pariente declara que nem elle nem os seus eleitores pertencem ao Rito Portuguez, mas sim a outra como faz crêr a publicação inserta hontem pelo presidente da sociedade daquelle rito, Benjamin Benzaquen. 

Salomon Abraham Pariente 

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“Rio, 15 de Janeiro de 1888.” 

O que há de importância nessa história é que não mais se observou, posteriormente, qualquer referência à “Sociedade Israelita do Rito Português“. 

Na história da U.I.S.G.H. há a acrescentar que houve uma mudanca de estatutos, publicada no Diário Oficial de 13 de março de 1912 e registrada no Registro de Títulos e Documentos, protocolo 114.206, Processo 534 de 21 de Março de 1912. Nessa ocasião, a Diretoria da U.r.S.G.H. era constituída pelos seguintes membros: Leão Abreu, Theodoro Levy, Samuel Nahom, Menachen Trusman e Jayme Benjarbon. Nessa mudança de Estatutos foram considerados sócios fundadores os que assinaram a ata: Leão Abreu, Samuel Nahon, José Tinestit, Pinhas Abehaim, Fortunato Levy, Miguel Levy, Samuel Bensimon, Elias Alkamin, José Cohen, Nissin David Levy, Alberto Wakimin, Moysés Cohen, Salomão Barros, Jayme Abensur, Miguel Liebman, Moysés Amar e Messod Levy. Verifica-se que alguns desses nomes constavam na Diretoria de 1890. 

Outras modificacões estatutárias ocorreram a partir de 1973, conforme se segue: 

• em26 de fevereiro de 1939, no livro “A-2” do Registro Civil das Pessoas Jurídicas sob n”‘ 978 e 68.779 do Protocolo publicado por extrato no Diário Oficial de 15 de fevereiro de 1937; 

• reformados e registrados no 10 Ofício de Registro de Títulos e Documentos sob nO 106.009 do Protocolo, livro “A4”, ordem 3.020 do livro “A-3” em 31 de outubro de 1944, publicado no Diário Oficial de30 de outubro de 1944; 

• alterações aprovadas em Assembléia Geral Extraordinária de 4 de agosto de 1960, registrada no Registro Civil das Pessoas Jurídicas sob o na 8.338 do Livro “A-5”, em 27 de fevereiro de 1961; 

• alterações aprovadas em Assembléia Geral de 24 de julho de 1962; 

• alterações aprovadas em Assembléia Geral Extraordinária de 27 de junho de 1968, registrada no Registro Civil das Pessoas Jurídicas sob o nQ 23.235 do Livro “A-8”, em 26 de novembro de 1969; 

  • alterações aprovadas registradas no Registro Civil das Pessoas Jurídicas sob o nO 33.485 do Livro “A-IS”, em 10 de maio de 1973.

Chamamos a atenção do artigo 41 dos Estatutos de 1973, no qual se insere, por iniciativa de Jomtob Azulay, o que se segue: 

“A fim de manter a integridade dos princípios para que foi construído o Templo na Rua Rodrigo de Brito nº 37, de fins religiosos, beneficentes e educativos, esse Templo não poderá ter outra finalidade que extinga ou diminua a prática dos Atos de Culto Religioso Israelita, e os sócios de qualquer categoria, seus herdeiros ou sucessores que venham a ter outras ideologias que não as tradicionais daquele culto, perderão por isso mesmo a sua qualidade de sócios, não podendo ser votada qualquer deliberação tendente a abolir a Sinagoga ou os princípios conservadores do culto Israelita como hoje é nela praticado.” 

Nova fase da U.I.S.G.H. Esta gira em torno da figura ímpar e exemplar de Jomtob Azulay. Proveniente de Tetuan, aportou no Rio, à época da proclamação da República. Dirigiu-se em seguida para Curitiba, onde se tornou vitorioso comerciante. Faltava-lhe, entretanto, algo espiritual. Em Curitiba, praticamente não havia judeus. Essa era a razão maior para voltar ao Rio de Janeiro, em 1920. Nessa época, a U.I.S.G.H., na Rua São Pedro, estaria sendo despejada por falta de pagamento. Jomtob Azulay regularizou a situação financeira e, desde então, dedicou-se com amor, dirigindo-a até seu falecimento, em 2 de novembro de 1959, sendo, então, sucedido pelo Vice-Presidente, Rubem David Azulay. No Boletim Informativo nº 877 da U.I.S.G.H., assim se expressou Rubem David Azulay: 

“Na manhã de 2 do corrente (novembro de 1959), expirou, em sua residência, o Sr. Jomtob Azulay. É com profundo pesar e sincera amargura que noticiamos a perda de nosso grande e eterno presidente. Insuficiente é o espaço deste boletim para discorrermos sobre todas as interessantes e variadas facetas desta invulgar personalidade . Abordamos, por isso, três delas: a de exemplar chefe de faml1ia, a de ser eminentemente espiritual e a de homem leal e corajoso. 

Deu origem a uma grande prole. A todos seus descendentes deu amor e energia, dedicação e conselhos, apoio e estímulos. Deixou plasmado, em todos, um pouco do seu grandioso espírito. Foi, não há dúvida, um grande chefe de faml1ia; agora, mais do que nunca, pela força de sua sempre presente memória, será bússola precisa a nortear a vida de seus descendentes. 

A força de seu espírito foi, indubitavelmente, o ponto alto de sua personalidade. Com sua fulgurante inteligência, a beleza espiritual da Torá se potencializava ao infinito. Ouvi-lo dissertar sobre a Lei e interpretar seus “passukim” ensejava deslumbrante festa de espírito. Sob a cintilação de sua inteligência, os conhecimentos humanísticos aprendidos com sabedoria, no “Talmud”, serviriam de base à sua encantadora conversação; foi um dos mais simpáticos” causeurs” que já conheci; ao brilho do seu olhar juntava-se a afabilidade do sorriso. Com senso prático extraordinário, dava aos mais intrincados problemas soluções simples e sábias. 

Nos momentos difíceis nunca se deixou abater; ao contrário, sua coragem hercúlea e fiel lealdade às suas idéias impediam-no de transigir e, assim, se agigantava exuberantemente. Eu não erraria se dissesse que esse homem não conheceu o medo. Com coragem e inteligência soube transformar um pequeno punhado de homens em uma coletividade de elevada expressão no “ischuv” brasileiro. 

Essas três qualidades fizeram-no viver feliz; com elas também soube morrer feliz; acompanharam-no até o momento final. Morreu, como um verdadeiro chefe, no seio da faml1ia que constituíra, sob o carinho e pranto de seus descendentes. Com espírito lúcido e coragem impressionante aceitou, consciente e tranqüilamente, a extinção de sua vida terrena, pois, certeza tinha que se transferia para uma vida eterna de maior beleza, na qual seu espírito poderia projetar-se em todo o esplendor de sua grandeza. Sem titubear, com lucidez e coragem, pediu que lhe dissessem a Shemá Israel

Perdemos um homem, porém, ganhamos um símbolo fonte imorredoura de incentivo àqueles que deverão continuar sua obra.” 

Jomtob Azulay, desde criança, havia freqüentado Yeshivá, durante 13 anos, com os melhores mestres de Tetuan e sua família era proprietária de uma das 14 Sinagogas de Marrocos. Possuía conhecimentos para ser excelente oficiante como, realmente, o foi durante muitos anos na U.I.S.G.H. Tive a honrosa oportunidade de conviver com ele. Conhecia bem a Torá. Com sabedoria, sabia interpretá-la e transmitir seus ensinamentos. Era sem dúvida, de inteligência invulgar. Sabia discutir, com fervor e sabedoria, com um sorriso fraterno e olhar penetrante e dominador. 

Seu grande amigo e colaborador espiritual era o eminente e culto Prof. Dr. David Perez. Este foi um dos esteios espirituais de nossa Sinagoga. 

David Perez foi, sem dúvida alguma, o judeu mais importante do Brasil. Importante porque cultíssimo, importante porque criou, juntamente com Álvaro de Castello, a revista intitulada A Coluna, (1916) cujo objetivo maior era “o apoio do edifício da futura organização judaica no Brasil”, importante porque foi o maior professor conhecido nesta cidade. Ensinou, em cursos universitários e superiores, os seguintes assuntos: 

Português, Literatura, Latim, Grego, Espanhol, Francês, Inglês, Geografia, História, Filosofia, Sociologia, Economia Política, Economia Bancária e Ciência das Finanças. 

A repercussão da A Coluna se fez sentir não apenas no Brasil, mas também no exterior. Recebeu de Max Nordau a seguinte carta: “Eu saúdo com alegria a criação de uma nova publicação que se propõe a proclamar nossos altos ideais, imutáveis há 3000 anos, a fazer ouvir a voz dos profetas defensores apaixonados e heróicos da justiça, do direito e da paz na terra, da fraternidade

humana e do amor ao próximo; e a oferecer aos filhos de Israel, espalhados na vasta extensão do Brasil, provavelmente isolados, sem organização, sem contacto, sem chefes e sem guias, um lar intelectual em volta do qual possam se agrupar, se ligar intimamente, se organizar, ter consciência do seu número, da sua força e, talvez também, da sua existência”. 

Sobre Perez, assim se expressou seu aluno Israel Klabin: “Ele era, acima de tudo, um jovem permanente. Era capaz de alegria contagiante. A seriedade com que compreendia as coisas era ao ‘mesmo tempo feita de simplicidade de quem amava a vida em cada detalhe.” É oportuno citar Fortunato Azulay: “… para destacar a alta classe dos conhecimentos judaicos do Professor Perez e do meu pai, que além de terem sido servidos por grandes mestres, desde a juventude, possuíam cultura geral, inteligência e honestidade intelectual bastantes para praticarem a verdadeira ética religiosa.” 

Jomtob e Perez passavam horas conversando sobre a Torá. 

Jomtob, patriarca, cheio de firmeza e bondade criou e educou uma família de grande expressão cultural e social, constituída de: 

Mercedes, Moysés, Fortunato e Alegrina, seus filhos. Incorporaram-se à família, com a mesma categoria: Rebecca Adler e Clarita Israel (noras), Samuel Lasry Laredo e Isaac Benoliel (genros). 

É oportuno referir que, em 1938, ao chegar ao Rio de Janeiro, aderi à Sinagoga da Rua Francisco Muratori, 33, cujo sheliah chamava-se Isaac Benitez. Exercia essa função há várias décadas. Foi ele quem me casou com Esther Serruya e abençoou-nos. 

Reverencio, neste momento, a sua pessoa, com muito respeito, pois tratava-se de homem religioso e bondoso. 

No sobrado da Francisco Muratori, 33, idealizava-se a construção de um Templo. As tentativas para a materialização desse ideal iniciaram-se em 1936 e 1941. Entrementes, gradativa e permanentemente chegavam ao Rio, judeus marroquinos provenientes do Pará e Amazonas, o que, sem dúvida, engrandeceu a U.I.S.G.H. Destacamos as seguintes famílias: 

Serruya, Garson, Benzecry, Benoliel, Ezagui, Benarrosh, Abecassis, Azulay, Benchimol, abadia, Zaguri, Nahon, Eshriqui, Benjó e outros. 

A concretização dessa idéia, entretanto, realizou-se em 1948. 

Jomtob Azulay e Raphael Serruya, Presidente e Vice-Presidente respectivamente, souberam conquistar o Kahal de modo que todos, sem exc’eção, com fé e esperança, contribuíssem financeiramente para a realização daquele ideal. 

Como já escrevemos sobre Jomtob Azulay, nada mais justo do que salientar o valor de Raphael Abrahão Serruya. Nascido em Belém, Pará, muito jovem, veio para o Rio de Janeiro em busca de melhoria de vida. Trabalhador incansável e honesto, conseguiu vencer galhardamente. Constituiu família com a exemplar e bondosa Sette (mais conhecida como Celeste). Do casal resultaram três filhos: Esther, Abrahão e José. Raphael conhecia a Torá superficialmente, porém, seu coração e sua alma demonstravam ser um judeu de verdade. Adorava a D’s com devoção exemplar. Freqüentava a Sinagoga com amor e idolatria. O casal Raphael e Celeste praticavam um dos grandes atributos do judaísmo: “o amor ao próximo”. Os paraenses que aqui chegavam encontravam na residência desse casal afabilidade, amizade, confraternização e, às vezes, até mesmo ajuda incondicional. 

É oportuno destacar que no Boletim Informativo n”-l (setembro de 1948) dava-se a seguinte notícia: “Lançamento da Pedra Fundamental para a construção da nova Sinagoga Shell Guemilut Hassadim. Para esta cerimônia, altamente significativa estão convidados todos os nossos correligionários. A Sinagoga Shell Guemilut Hassadim, de tradição quase secular, será perpetuada com o novo Templo; para a construção vêm contribuindo, com apreciável esforço, todos os membros da nossa comunidade. A Solenidade, para a qual estão convidados os nossos correligionários, será assinalada por uma alocução do Prof. Dr. David Perez.” 

É ainda nesse Boletim que se destaca a “Assistência aos Pobres”, constituída por 52 senhoras que contribuíam mensalmente com o total de Cr$2.550,00. Este fato nos parece de grande importância, pois, demonstra o elevado espírito de justiça social do grupo. 

Na data aprazada foi feito o lançamento da pedra fundamental. Em uma urna, foram colocados os seguintes elementos: Pergaminho da Ata (pela Sra. Stela Azulay), Boletim n” 1 do Departamento Cultural e Social (pela Sra. Celeste Serruya), Convite para a Cerimônia (pela Sra. Safira Ezagui), algumas moedas (pela Sra. Shaba Levy), Telegramas recebidos (pela Sra. Regina Moraes e Matos) e o Jornal do Dia (pela Sra. Yeda Benzecry). A Sra. Mercedes Lasry Laredo conduziu essa urna ao centro do terreno, enterrando-a. Para preparar o cimento foram convidados os senhores José Adler, Abrahão Ramiro Bentes e Saul Caji. Vários membros presentes lançaram pás de cimento no local da urna. 

Estiveram presentes ao ato representantes de outras comunidades israelitas: Rabino Lemle, Salvador Esperança, Félix Hasson, Alexandre Goethe e Tufic Nigri. 

Falaram nessa ocasião: Prof. David José Perez, Rabino Lemle, Tufic Nigri, Dr. Moysés Azulay por si e pelos demais membros da Comissão Construtora (Drs. Rubim Benchimol e José Mizrahi) e, finalmente, o Parnás Dr. Isaac Raphael Benoliel. 

Em dois anos, completava-se a construção, cuja inauguração ocorreu em 25 de Elul, 5710 (7 de setembro de 1950) obedecendo ao seguinte programa: 

1 – Entrada dos Sefarim com acompanhamento do “Baruch Abá”, pelo coro e “Hakafá”. 

2 – Iluminação do “Talmud” (a luz eterna) pelo Presidente Sr. Yomtob Azulay. 

3- Música de Mendelssohn. 

4 – Prédica de inauguração e entrega do novo templo à Comunidade, pelo Sr. Presidente da União Israelita Shel Guemilut Hassadim. 

5 – Oração-canto pelo Rabino Jean Mimrane. 6- Discurso do Prof. Dr. David José Perez. 

7 – Aleluia, Salmo 150, composição do Rabino Jean Mimrane.

8 – Sermão pelo Rabino Jean Mimrane. 

9 – Abertura do Hejal pelo Vice-Presidente, Sr. Raphael Serruya.

10 – Entrada dos Sefarim no “Hejal” e “Hakafá”. 

11 – Encerramento da cerimônia religiosa com “Adon Olam”. 12- Lanche oferecido aos convidados. 

Uma placa de bronze foi afixada na entrada do Templo com os seguintes dizeres:

UNIÃO ISRAELITA SHEL GUEMILUT HASSADIM (Fundada no século XIX) 

DIRETORIA:

Presidente: JOMTOB AZULAY

Vice-Presidente: RAPHAEL A. SERRUYA

Secretários: FORTUNATO AZULAY , LEON D. LEVY

Tesoureiros: MAURICIO MOSSÊ SAMUEL LASRY LAREDO 

DIRETORES:

ABRAHAM JACOB BENZECRY

ABRAHAM S. BENOLlEL

ISAAC ELlEZER LEVY

ISAAC RAPHAEL BENOLlEL

MOISÉS AZULAY

RUBEM DAVID AZULAY

BENEMÉRITO:

DAVID PEREZ

Chamamos a atenção para o subtítulo: Fundada no século XIX. Foi a maneira mais lógica a de referir-se ao século XIX, mas, na realidade, poder-se-ia preferir na primeira metade do século XIX, o que estaria de acordo com a data de 1840. 

Desta Diretoria estão vivos: Isaac Eliezer Levy e Rubem David Azulay. 

Nesse dia inolvidável discursou Jomtob Azulay. Citaremos alguns trechos: 

Quando há um ano daqui vos falei que cumpríamos com a construção do Templo um dos principais mandamentos da nossa Lei Divina, preconizei que essa obra deveria ser completada com as recomendações morais e de sobrevivência que essa Santa Lei nos impõe, isto é: a de ensinar aos nossos descendentes o conhecimento da Tora de seus precei tos e ensinamen tos. 

O culto nesta Casa de Deus tem-se exercido com ordem, respeito e fé, de acordo com as tradições conservadoras que mantém e tem o dever de prestigiar como a mais antiga Sinagoga desta Capital. 

Nunca é demais considerar e repetir: as nossas orações contêm um agradecimento a Deus pelo que nos concede, um pedido para que nos conserve com saúde e bem-estar, sem necessidade de pedir ajuda aos nossos semelhantes; um pedido pela paz do mundo, pelo bem do País que habitamos. É, pois, natural, que, quando passamos algumas horas em contacto espiritual com a Divindade, se explique o prazer e conforto em trabalhar depois por tudo que é bom e justo. 

Aqueles que, após aprenderem a amor ao próximo, a desejar a paz entre os povos e até regras elementares de educação e higiene e de bons costumes, repudiam a religião, assemelham-se àqueles mendigos que, depois de comerem o alimento que lhes é oferecido, quebram o prato de quem lhes trouxe a comida.” 

Em seguida falou o Professor David José Perez, de cujo discurso destacamos alguns trechos: 

Passou-se um anos da inauguração desta Sinagoga, mas não se passou um ano; há uma ilusão nisso; a construção deste edifício, da sua inauguração para cá, tem um ano. A Sinagoga, propriamente, tem 2.500 anos.

Foi exatamente ŕ sombra da Sinagoga que se forjou a atual religião judaica, porque nem no tempo de Moisés, nem no tempo dos Reis, nem no tempo dos Profetas, nem no tempo em que Israel teve a maravilhosa dinastia dos Macabeus e ainda a Herodiana, que foi valente, admirável, que fez do Estado Judeu uma potência; nesse tempo, a religião judaica poderia ser tudo, menos o que é hoje. 

Ela nunca foi tão forte e tão evidente como agora, e isso se deve ŕ Sinagoga, porque, enquanto o Judeu estava no seu território, à sombra das leis e da sua defesa, ele rezaria ou não, cumpriria o culto ou não, estava em casa. Porém, o que é milagre, o que é impressionante, é a obra formidável da Sinagoga, que no exÜio, sem o amparo da força, sem a defesa das leis, sempre ameaçada, sempre periclitante, se manteve através de 2.500 anos e chegou até os nossos dias, maravilhosamente pujante, capaz de criar um povo que pela força das armas conquista a sua independência“. 

É oportuno referir todos os Presidentes da U.I.S.G.H. desde 1882 até o presente: 

1882  Sr. Artur Levy 

1887  Sr. Isidoro Hass 

1888  Sr. Abraham Parente 

1889  Sr. JosephAlcaim 

1911  Sr. Leão Abreu 

1912  Sr. Artur Levy 

1922/1960 Sr. Yom Tob Azulay

1960/1962 Prof. Dr. Rubem Davidzulay

1962/1964 Sr. Abraham Benoliel

1964/1966 Prof. Dr. Rubem David Azulay

1966/1968 Dr. Eliezer Zagury 

1968/1970 Gen. Aarão Benchimol

1970/1972 Dr. Fortunato Azulay

1972/1974 Dr. Israelino Buzaglo

1974/1976 Dr. Menahem Miguel Benjó

1976/1978 Dr. Menahem Miguel Benjó 

1978/1980 Dr. MenahemMiguel Benjó

1980/1982 Sr. Messod J. Benzecry

1982/1984 Sr. Samuel Yoshua Levy

1984/1986 Dr. Menahem Miguel Benjó

1986/1988 Prof. Moysés Eshriqui

1988/1990 Gen. Abraham Ramiro Bentes

1990/1992 Prof. Dr. Rubem David Azulay

1992/1994 Dr. MenahemMiguel Benjó

1994/1996 Prof. Dr. Rubem David Azulay

1996/1998 Dr. César Benjó 

1998/2000 Prof. Dr. Rubem David Azula

2000/2002 Sr. Samuel Anidjar 

2002/2004 Dr. Celso Benjó 

2004/2006 Dr. Sérgio Benchimol

2023/2024 Dr. David Azulay

A U.I.S.G.H. é entidade reconhecida de utilidade pública municipal, estadual e federal.

Destaque-se que no interior da Sinagoga há palavras homenageando alguns correligionários que prestaram importantes serviços à mesma: 

Jomtob Azulay: 

Com dedicação, sabedoria e justiça, durante 40 anos, presidiu esta Congregação. 

N:4/10/1872 F: 2/11/1959. 

05 de Tishri 5.636  1º de Hesvan 5720

Raphael Abrahão Serruya: 

Sustentáculo inolvidável deste Templo. 

N:26/11/1955  11-Kilev 5716. 

Prof. David José Perez: 

Nosso grande Benemérito e Mestre de várias gerações. 

N: 01/03/1883  F: 14/04/1970. 

14 Nissan 5730. 

Dr. Isaac Raphael Benoliel: 

Nosso primeiro e grande Diretor de Culto. 

N: 15/05/1956  06 Sivan 5716. 

MessodJacob Benzecry: 

Nosso querido e inolvidável Ex-Presidente desta Sinagoga. 

F: 11/06/1983  30 Sivan 5743. 

Fortunato Benarrosh:

Nosso inolvidável Diretor Tesoureiro. 

28/08/1968   4 Elul 5728. 

É interessante constatar que, em Israel, fundou-se uma filial da União Israelita Shel Guemilut Hassadim, com a seguinte Diretoria: 

Presidente: Reuven Tobelem

Vice-Presidente: Bernardo Grinplastch

Diretor de Culto: Dionysio Netzinsky 

DEPARTAMENTO FEMININO: 

Presidente: Myriam Tobelem Vice-Presidente: Perla Bentolila 

Depto de Relações Públicas: Raquel Benchimol Tzaliach

Vogais: Lúcia Dionysio, Vila Gimplasteh Elkaim, Angela Grinsplastch 

RELAÇÃO DOS SÓCIOS HONORÁRIOS E BENEMÉRITOS DA U.I.S.G.H. 

Presidente Honorário (in memoriam): 

Yom Tob Azulay

Vice-Presidente Honorário (in memoriam): 

Raphael A. Serruya

Presidentes Honorários: 

Menahem Miguel Benjó 

Rubem David Azulay

Sócios Honorários: 

Rabino Abraham Anidjar

Rabino Isaac Benzaquem 

Roberto de Oliveira Campos (in memorian)

Adolpho Bloch (in memorian)

Sócios Beneméritos: 

Myrian Tobelen Sette Serruya

Isaac Eliezer Levy

Marcos Pinto 

Sócios Beneméritos (in memoriam): 

David Perez

Merian Eshriqui Benjó

Estela Azulay 

Sol (Branca) Cohen Benoliel

Isaac Raphael Benoliel

Moysés Eshriqui 

José Absror

Moysés Azulay

Moysés Pinhas Assayag 

PRESIDENTES DO CONSELHO DELIBERATIVO 

o Conselho Deliberativo, em reunião realizada no dia 17 de agosto de 1960, elegeu a primeira Diretoria para o Conselho Deliberativo no Biênio 1960/1962. Exerceram a Presidência durante sua vigência: 

1960/1962 Prof. Dr. David Joseph Perez

1962/1964 Gen. Abraham Ramiro Bentes

1964/1966 Dr. Eliezer Zagury

1966/1968 Prof. Dr. Rubem David Azulay

1968/1970 Prof. Dr. Simão Benjó 

1970/1972 Sr. Jacob Benoliel Barchilon

1972 a 31/07/72 Gen.Aarão Isaac Benchimol 

Direção do Culto: 

É justo destacar os nomes daqueles que dirigiram o culto na U.I.S.G.H. Procuramos, exaustivamente, estudar o assunto, porém, não tivemos o sucesso que desejávamos. O culto foi realizado, ora por “sheliach”, ora por rabinos. Tanto quanto nos foi possível apurar: 

Jomtob Azulay: Dirigiu o culto na época da Rua São Pedro, por volta de 1920 e, certamente, mais alguns anos na sede da Rua do Lavradio. 

Isaac Benitez: Como sheliach iniciou a direção do Culto na U.I.S.G.H. na Rua do Lavradio até a Rua Francisco Muratori. 

Rabino Jean Minrane: Residia nos E.D.A. Foi convidado para a nossa Instituição, inaugurando a nova sede na Rua Rodrigo de Brito, em 7 de setembro de 1950 (25 de Elul, 5710). Lamentavelmente sua permanência como Rabino da U.I.S.G.H. durou poucos meses. Não houve adaptação recíproca entre a Direção da Sinagoga e o Rabino. 

Albert Haroush: Como sheliach presidiu o Culto durante alguns anos ou seja, até 1958, quando emigrou para Israel. 

Abraham Anidjar: Rabino formado em Tanger foi convidado para dirigir o Culto na Sinagoga Shaar Hashamaim, em Belém, onde permaneceu de 1956 a 1958. Foi, então, convidado para a nossa U.I.S.G.H., a qual dirigiu com interesse e zelo até 1955, quando adoeceu, ficando impossibilitado de continuar na sua função de Rabino. Convém destacar que na gestão do Rabino Anidjar, dois outros Rabinos: Ismael Cohen e Shemtov Cohen (filho e pai, respectivamente), durante cerca de um ano, colaboraram com o Rabino Anidjar. 

Rabino Isaac Benzaquem: Sucedeu ao Rabino Anidjar e dirige o culto, a partir de 1995 até o presente. Destaque-se que o então jovem Isaac Benzaquem foi enviado, em 1960, pela Diretoria de então, sob a presidência de Rubem David Azulay, para Londres, a fim de fazer o Rabinato, sob a orientação do Grão 

Rabino sefaradi da Inglaterra, Haham Salomon Gaon. Em 1973, viajou para Johannesburg, onde passou um ano (ano sabático) e recebeu a semiha, com a presença do Rabino Gahon. 

O Rabino Benzaquem vem exercendo suas funções com interesse e notável sucesso. 

Realizações importantes da U.I.S.G.H.: 

Além da manutenção do culto, em conformidade com os moldes marroquinos, esta entidade realizou os seguintes feitos: 

Publicações

Com perfeita tradução para o português realizada pelo eminente Prof. David José Perez foram editados os livros Yom Kipur, RoxHá-Xaná, e Tefilá da autoria do eminente Rabino Dr. David de Sola Pool. As edições de Yom Kipur (5716-1955) e de Rox-Há-shaná (5717-1956) se deve ao Dr. Isaac Raphael Benoliel, eminente Diretor de Culto dessa época, e ao Sr. Jomtob Azulay, Presidente da U.I.S.G.H. 

A primeira edição do livro refilá (1966) foi realizada pela Diretoria sob a presidência do Prof. Dr. Rubem David Azulay e a segunda edição (1979) se deve à Diretoria presidida pelo Dr. MenahemMiguel Benjó. 

Outro livro de grande interesse é o Sidur Cabalat Shabat (5761-2000), editado pela elegante e sábia orientação do Dr. César Benjó, ex-Presidente da U.I.S.G.H., sem ónus para esta. A tradução para o português se deve ao Rabino Meir Matzliah Melamed e a transliteração ao Prof. David Anidjar. Este Sidur foi dedicado à memória da Ora. Merian Eshriqui Benjó. 

Cemitério Comunal Israelita do Rio de Janeiro

Durante muitas décadas, os judeus sefaraditas eram enterrados na “Quadra dos Protestantes” no Caju. Faleceu no Rio de Janeiro o jovem médico Abrahão Levy, provindo de Belém-Pará. Seu sepultamento foi realizado na “Quadra dos Protestantes.” Seu pai, Major Eliezer Moisés Levy, veio de Belém e compareceu àquele ato. Estranhou que não houvesse um cemitério judaico. Conversou com seu filho Isaac Levy e dessa conversa resultou a idéia da criação de um cemitério judaico. Isaac Levy, com o apoio do Presidente Sr. Jomtob Azulay e do Vice-Presidente Raphael Serruya da U.I.S.G.H. Fez os contactos necessários para a concretização da idéia. Isaac Levy tinha boas relações políticosociais com o então Prefeito do Distrito Federal General Ângelo Mendes de Morais e seus assessores Henrique Cardoso de Castro e Félix Schimidt, bem como com o Presidente da Câmara Municipal, Sr. Levy Neves. Assim, foi iniciado o processo de longa tramitação; é justo fazer referência ao Sr. Leon D. Levy, que acompanhou o mesmo com dedicação. Finalmente, o terreno foi doado. 

O terreno doado era uma íngreme encosta de morro, situado no Caju. O Porto do Rio de Janeiro necessitou de aterro para o Flamengo e obteve a permissão para desbastar aquele morro que passou, então, a ser plano, conforme convinha para o cemitério. A Direção da U.I.S.G.H. e o Dr. Isaac Levy, após discussão, decidiram que o cemitério não seria exclusivo da U.I.S.G.H., mas sim de um grupo de sociedades judaicas. Com esse objetivo, o Presidente Sr. Jomtob Azulay escreveu a seguinte carta que foi enviada a nove entidades. 

Eis a cópia da carta: 

Prezados correligionários: 

A presente tem por fim comunicar-lhes que esta Sociedade está tomando a iniciativa de pleitear uma área para servir de cemitério próprio, no Distrito Federal, para a Coletividade Hebraica desta capital. 

De forma alguma, esta Sociedade deseja trabalhar sozinha, mas pelo contrário, deseja a colaboração com as demais sociedades irmãs na realização d’ um objetivo caro e sagrado para todos nós, Israelitas. 

A fim de organizar o plano de trabalho é indispensável nos reunirmos para estabelecer esse plano. Para esse fim, pedimo-lhes a fineza de designar um ou dois membros dos mais autorizados de sua Sociedade a fim de assistir à reunião que será realizada no Centro Israelita Brasileiro, Rua Conselheiro Josino, 14, domingo, 11 do andante, às 9 e 1/2 da manhã, em ponto, e na qual serão estabelecidas as bases deste trabalho e tomadas decisões adequadas. 

Tratando-se d’um plano que requer a sua execução imediata, 

contamos com a sua indispensável presença. 

Sem mais, firmamo-nos com alta estima e perfeita consideração. 

SHALOM 

União Israelita Shell Guemilut Hassadim

O Presidente Jomtob Azulay” 

Esta foi enviada às seguintes Sociedades: Associação Religiosa Israelita do Rio de Janeiro, Centro Israelita Brasileiro “Benê Herzl”, “União” Associação Beneficente Israelita, União Beneficente Israelita “Maghen David”, Sociedade Israelita Templo Sidon, Sociedade Israelita Religiosa e Beneficente Sefaradith do Rio de Janeiro, Sociedade Israelita Beyruthense e Sociedade Religiosa Israelita Rabi Meir Baal Hanesse. 

Nessas condições, a Prefeitura, nessa ocasião governada por João Carlos Vital, fez a escritura de doação em 29 de dezembro de 1953. A mesma foi assinada pelos Presidentes daquelas entidades 

judaicas. 

Como estivesse acamado o Sr. Jomtob Azulay, assinou em 

nome da U.I.S.G.H. o Vice-Presidente, Prof. Dr. Rubem David Azulay. 

Essa escritura celebrada entre a Prefeitura, do então Distrito Federal, e as Sociedades encabeçadas pela U.I.S.G.H. teria validade por 25 anos. De fato, em 1978 houve prorrogação, por mais 5 anos, ou seja, com término em 1983. Nesta data, foi oficializada com a atual Prefeitura do Rio de Janeiro, a posse definitiva do terreno, mediante a doação de uma gleba em Santa Cruz, de propriedade do Cemitério (Processo 04-552.235-83). Esse processo está em andamento. 

Salão Social Merian Eshriqui Benjó: Trata-se do salão na parte inferior do prédio que foi remodelado pelo Dr. Miguel Benjó, à sua custa. Fazem parte desse salão a Biblioteca Jomtob Azulay e um lindo mural bíblico, em cobre, realizado e doado pela Associação Graça Levy Epstein. 

Propriedades da U.I.S.G.H.: Desde a instalação da Sinagoga na Rua Rodrigo de Brito, 37, várias propriedades foram adquiridas, por seus dirigentes, a saber: 

• Apartamento n’ 302, no Edifício na Rua Rodrigo de Brito, 46. 

• Apartamento n 2103, na Rua Álvaro Ramos, 235. 

• Prédio na Rua Rodrigo de Brito, 31. 

• Garagem na Rua Rodrigo de Brito, 39/ A, para funcionar como Centro Cultural, sendo que será incorporado ao Salão Social Merian Eshriqui Benjó. 

Títulos de Utilidade Pública: Federal, Estadual e Municipal 

Apoio aos judeus egípcios: Por volta de 1956 houve, no Egito, perseguição aos judeus. Conseqüentemente, a maioria migrou para outros países, inclusive o Brasil. Nessa ocasião foi constituída, no Rio de Janeiro, uma comissão para receber esses correligionários e instala-los da melhor maneira. Essa comissão era composta dos seguintes correligionários: Júlio Schlanger (U.I.S.G.H.), Tofic Nigri (Maghen David) e Rubem David Azulay (U.I.S.G.H.). 

Ao aproximarem-se os dias de Rox-HashaniÍ e Yom Kipur e como o grupo de egípcios era numeroso, houve dificuldade de colocá-los nas sinagogas. Em conseqüência dessa dificuldade, O Presidente da U.I.S.G.H., Rubem David Azulay, transformou sua residência, na Rua Cinco de Julho, 83, em Sinagoga, transportando para o local sefarim, livros e cadeiras. Reuniram-se os correligionários egípcios nesse local e ao verificarem que já representavam um grupo razoável, resolveram criar uma sociedade egípcia que se localizou na Rua Santa Clara. 

Chegada de novos marroquinos: Por volta de 1949-1958, grande número de marroquinos migrou para Israel. Poucos vieram para o Rio de Janeiro, associando-se à U.I.S.G.H.. Nessa época, a maioria dos antigos marroquinos dessa instituição havia falecido. Houve, portanto, uma renovação que deu novo impulso ao nosso culto, o qual, dia a dia, melhora de maneira exuberante. Destaco desse grupo, os seguintes nomes: Rabino Abraham Anidjar, Rabino Isaac Benzaquen, Samuel Anidjar e irmãos, Samuel Levy, Jacques Delmar, Jacob Benssussan, Família Marcos Pinto, Leon Trajman e outros. 

Dois deles exerceram a função de Presidente da U.I.S.G.H..: 

Samuel Levy (1982-84) e Samuel Anidjar (2000-2002). O primeiro tem sido, desde 1992 até o presente, excelente parnaz. 

Sob a influência, sobretudo de Samuel Levy e Rabino Isaac Benzaquem, criou-se o grupo veahavtá, cujo objetivo maior é ajudar a Diretoria no desenvolvimento do culto, conclamar jovens judeus ao estudo da Torá e obter fundos para a concretização desses objetivos. Foi indicado para Patrono desse grupo o correligionário Rubem David Azulay e que recentemente, em 2 de dezembro de 2001, foi eleito seu Primeiro Sócio Benemérito. 

Para finalizar esta síntese histórica da U.I.S.G.H., desejo ressaltar nossa gratidão eterna aos correligionários pioneiros e aos que, com fé e dedicação, os sucederam até nossos dias, e aos que preservarão este Templo de religiosidade e amor ao próximo.